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Jatimane, um Quilombo quase intacto em que a vedete é a tainha defumada na brasa

“Aqui, preservamos a cultura e também o meio ambiente. É o rio limpo que garantiu e garante nossa sobrevivência”.

20/11/2024 17h25
Por: Redação Fonte: Levi Vasconcelos
Levi Vasconcelos | Ag. A Tarde
Levi Vasconcelos | Ag. A Tarde

O engenho de Mutupiranga, em Nilo Peçanha, no Baixo Sul, começou lá por 1570 e também foi um dos primeiros do Brasil a receber escravos. A estrutura está em ruínas, mas dela brotaram duas heranças culturais dos negros fugidos com os quilombos de Jatimane e Boitaraca, ambos mantendo valores e tradições e até ensinando lições de preservação ambiental.

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Hoje, Dia da Consciência Negra, demos um volteio por Jatimane. Lá, são 458 moradores de 156 famílias, 99% deles com o sobrenome Rosário. Entre eles, em cada semblante, uma nítida mistura de negros e índios. Eleildes Rosário, ou Eleildes Quilombola, a presidente da Associação Comunitária do Quilombo de Jatimane, conta que é um dos primeiros quilombos reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

"Aqui, preservamos a cultura e também o meio ambiente. É o rio limpo que garantiu e garante nossa sobrevivência".

Sujo Zero – Ela refere-se ao Rio Jatimane, que corta o povoado, todo limpinho, águas cristalinas, ponteado de balneários, pousadas e restaurantes. Ela conta que lá todos vivem da pesca, do turismo de base comunitária com o artesanato de piaçava à frente e a vedete do lugar, a tainha defumada na brasa, outra herança cultural. Na época da escravidão quase tudo era por barco. O negro fugido da banda litorânea sempre procurava um riacho à beira mar em que você só navega de maré cheia. Lá isso é bem caracterizado.E é atrás desses saberes que por lá circula gente de todo lugar, inclusive estudantes universitários, como Elidinalva Damasceno e Samila dos Santos, do IF Baiano de Valença.

– Aqui é fonte de saberes.

E entre estes saberes está o da medicina da floresta, que Dilma Rosário, do restaurante Manzuá do Quilombo, herdou dos antepassados. Ela cuidou de uma menina que espoucava feridas em todos os pontos do corpo, o médico, Dr. Everardo, de Ituberá, já havia desenganado.

– Só pedi a ele que liberasse máscaras e luvas. Liberou. Usei folhas. Em sete meses ela estava curada, fui mostrar a Dr. Everardo. E sabe o que ele me disse? Que eu sou a maior macumbeira do Baixo Sul.

Colaborou: Marcos Vinicius

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