A cantora Nana Caymmi, uma das maiores intérpretes da música popular brasileira, morreu nesta quarta-feira (1º), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. Ela estava internada desde agosto de 2024 para tratar uma arritmia cardíaca. Filha de Dorival Caymmi e Stella Maris, Nana nasceu em uma família onde a música era mais do que ofício — era destino. Desde a infância, cresceu cercada por melodias e composições que moldaram sua sensibilidade artística. Seu primeiro registro fonográfico foi simbólico: um dueto com o pai, interpretando “Acalanto”, composta por Dorival para embalá-la ainda bebê.
Antes da carreira profissional, a vida já havia lhe imposto desafios. Casou-se jovem com um médico venezuelano e foi morar na Venezuela. O retorno ao Brasil, sozinha e grávida do terceiro filho, marcou o início de sua trajetória pública. Em 1966, estreou no palco do Festival Internacional da Canção interpretando “Saveiros”, composição do irmão Dori Caymmi. A vaia do público não a intimidou — pelo contrário, saiu vitoriosa, dando o primeiro passo de uma carreira sólida e respeitada.
Nana também viveu um intenso relacionamento com Gilberto Gil, entre 1967 e 1969, período marcado por transformações políticas e culturais no país. Com estilo sempre próprio, manteve distância de modismos e escolheu cantar com a alma — fosse nas obras de Milton Nascimento, Aldir Blanc, Tom Jobim ou Vinicius de Moraes. Sua voz inconfundível transformava cada letra em emoção pura.
Em 1991, protagonizou um dos momentos mais emblemáticos da música brasileira ao dividir o palco com o pai Dorival, os irmãos Danilo e Dori, e Tom Jobim, no Rio Show Festival. Três gerações de talento reunidas em um encontro histórico. Treze anos depois, em 2004, ela e os irmãos receberam o título de cidadãos baianos, em justa homenagem às suas raízes e à contribuição à cultura nacional.
Nana também deixou sua marca em trilhas sonoras de novelas e minisséries, emprestando sua interpretação dramática a personagens e histórias que marcaram gerações. Seu último disco, lançado em 2020, durante a pandemia, foi um tributo à obra de Tom Jobim e Vinicius de Moraes — encerrando sua discografia com elegância e fidelidade à sua essência artística.
Com sua partida, o Brasil perde uma de suas maiores vozes. Mas Nana Caymmi permanece eterna — onde houver música de verdade, sua interpretação continuará viva.
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